Conceitos importantes para o estudo da Pré-História:


Vamos começar o estudo da Pré-História, primeiramente, revendo o significado de alguns termos importantes para o estudo desse período.

HISTÓRIA: relato das narrativas das ações humanas. As narrativas humanas tiveram início com o aparecimento da escrita, uma vez que antes do surgimento dela o homem apenas rabiscava, desenhava, pintava, lascava, talhava ou esculpiia. A História do homem começa, então, com o surgimento da escrita.

PRÉ-HISTÓRIA: é o período que vai do aparecimento do homem até o surgimento da escrita.

Surgimento da escrita: a escrita deve ter surgido a mais ou menos a 4.000 anos antes de Cristo. É a partir daí que começa a História do Homem.

Para efeito de estudo, a Pré-História está dividida em períodos, que foram divididos de acordo com o estágio cultural do homem, ou seja, em conformidade com o pregresso e com as técnicas desenvolvidas pelo homem. A Pré-História está divida em PALEOLÍTICO e NEOLÍTICO.

Significados: PALEO (primitivo) - NEO (novo) - LITO (pedra) . O paleolítico é conhecido como o período da pedra lascada, e o neolítico como o período da pedra polida. O homem levou milhares e milhares de anos para passar da técnica da pedra lascada para a técnica da pedra polida.

PALEOLÍTICO: período da pedra primitiva (pedra lascada). Nesse período, o homem ainda não possuía inteligência para desenvolver a técnica do acabamento e do polimento da pedra para desenvolver ferramentas e armas mais sofisticadas.

sábado, 9 de outubro de 2010

PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL


Wikipédia - Luzia foi o nome que recebeu do biólogo Walter Alves Neves o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, com cerca de 11 mil e quinhentos anos e que reacendeu questionamentos acerca da teorias da origem do homem americano.[1]

Achado:

Este crânio de uma mulher, com cerca de 11 mil anos, foi encontrado no início dos anos 70 pela missão arqueológica franco-brasileira, chefiada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire (1917-1977). O crânio foi achado em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta na região de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, famosa pelos trabalhos do naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), que lá descobriu, entre 1835 e 1845, milhares de fósseis de animais extintos do período Pleistoceno - além de 31 crânios humanos em estado fóssil - no que passou a ser conhecido como o Homem da Lagoa Santa.[2]

O nome Luzia:
Foi na tentativa de retomar e aprofundar as pesquisas de Lund que a missão francesa achou Luzia, apelido dado carinhosamente pelo biólogo Walter Alves Neves, do Instituto de Biociências da USP. Ele se inspirou em Lucy, a célebre fóssil de Australopithecus afarensis de 3,5 milhões de anos achado na Tanzânia em 1974.

Hipóteses:
Ao estudar a morfologia craniana de Luzia, Neves encontrou traços que lembram os atuais aborígines da Austrália e os negros da África. Ao lado do colega argentino Héctor Pucciarelli, do Museo de Ciencias Naturales de la Universidad de La Plata, Neves formulou a teoria de que o povoamento das Américas teria sido feito por duas correntes migratórias de caçadores-coletores, ambas vindas da Ásia, provavelmente pelo estreito de Bering através de uma língua de terra chamada Beríngia (que se formou com a queda do nível dos mares durante a última idade do gelo). Cada corrente migratória, no entanto, era composta por grupos biológicos distintos. A primeira, os chamados aborígenes americanos, teria ocorrido 14 mil anos atrás e os membros teriam aparência semelhante aos de Luzia. O segundo grupo teria sido o dos povos mongolóides, há cerca de 11 mil anos, dos quais descendem atualmente todas as tribos indígenas das Américas.

Referência: http://pt.wikipedia.org/wiki/Luzia_(f%C3%B3ssil)

Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí)

Wikipédia - O Parque Nacional Serra da Capivara é um parque brasileiro que está localizado no sudeste do estado do Piauí, entre as coordenadas 8º 26' 50" e 8º 54' 23" de latitude sul e 42º 19' 47" e 42º 45' 51" de longitude oeste. Ocupa áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, São João do Piauí, Coronel José Dias e Canto do Buriti. Tem 129.140 hectares e seu perímetro é de 214 quilômetros. É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Foi criado para proteger uma área na qual se encontra o mais importante patrimônio pré-histórico do Brasil. Trata-se de um parque arqueológico com uma riqueza de vestígios que se conservaram durante milênios, devido à existência de um equilíbrio ecológico, hoje extremamente alterado. O patrimônio cultural e os ecossistemas locais estão, portanto, intimamente ligados, pois a conservação do primeiro depende do equilíbrio desses ecossistemas. O equilíbrio entre os recursos naturais é o condicionante na conservação dos recursos culturais e foi o que orientou o zoneamento, a gestão e o uso do Parque pelo poder público.

É um local com vários atrativos, monumental museu a céu aberto, entre belíssimas formações rochosas, onde encontram sítios arqueológicos e paleontológicos espetaculares, que testemunham a presença de homens e animais pré-históricos.

O parque nacional foi fundado graças em grande parte ao trabalho da arqueóloga Niède Guidon, que hoje dirige a Fundação Museu do Homem Americano, instituição responsável pelo manejo do parque.

Sítios arqueológicos
Área de maior concentração de sítios pré-históricos do continente americano e Patrimônio Cultural da Humanidade - UNESCO. Contém a maior quantidade de pinturas primitivas sobre rocha do mundo. Estudos científicos confirmam que a Serra da Capivara foi densamente povoada em períodos pré–históricos. Os artefatos encontrados apresentam o registro do homem há 50.000 anos.

O Parque Nacional Serra da Capivara se localiza nas Unidades federativas do Brasil Estado do Piauí, ao Sul. Possui vários sítios arqueológicos e o Museu do Homem Americano.

Existem atualmente 737 sítios arqueológicos catalogados onde foram encontrados esqueletos humanos, pinturas rupestres com aproximadamente 30.000 figuras coloridas, que representam cenas de sexo, de dança, de parto, entre outras.

Um exemplo das pinturas que podem ser encontradas no parque. A esquerda é representado provavelmente uma cena de parto.Ao longo de 14 trilhas e 64 sítios arqueológicos abertos à visitação, encontramos tesouros, como os pedaços de cerâmicas mais antigos das Américas, de 8.960 anos. No circuito dos Veadinhos Azuis, podemos encontrar quatro sítios com pinturas azuis, a primeira desta cor descoberta no mundo.

Situado em uma região de clima semi-árido, fronteira entre duas grandes formações geológicas - a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do rio São Francisco -, seu relevo é formado por serras, vales e planícies. É o único Parque Nacional do domínio morfoclimático das caatingas, o que ressalta a necessidade de conservação e restauração da flora. O Parque abriga fauna e flora específicas.

Desde a colonização, o Parque Nacional Serra da Capivara foi utilizado pelas populações vizinhas que neles caçavam, plantavam e retiravam a madeira. Essa população, extremamente pobre e sem nenhuma fonte de trabalho, além da exploração dos recursos naturais, vive na Área de Preservação Permanente, uma faixa limítrofe com dez quilômetros de largura......

Referência: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_Serra_da_Capivara


E a Pré-história no Brasil, aconteceu? Como podemos pesquisar?

Cola da Web - Todos nos aprendemos que a história do Brasil começa com a chegada das caravelas de Pedro Alves Cabral a Porto Seguro no dia 22 de Abril de 1500. Porem, aqui já existiam habitantes, e em grande quantidade espalhadas por várias regiões.

Podemos afirmar através de conhecimentos e descobertas que existiu a pré-história no Brasil, essa afirmação se deve as novas descobertas feitas nas últimas décadas em nosso território.

Os primeiros habitantes do Brasil não deixaram nada escrito. Mas deixaram muitos vestígios arqueológicos como cavernas com pinturas rupestres, fósseis de bichos pré-históricos, objetos como ponta de flechas, machados, sepulturas, etc. As marcas da pré-história brasileira estão presentes em todos os cantos do país. E o nome do conjunto desses vestígios encontrados em determinada região recebe o nome de sítio arqueológico e o mais conhecido em nosso país é o da Serra da Capivara no estado do Piauí.

Importantes descobertas feitas em São Raimundo Nonato, estado do Piauí, estão ajudando os estudiosos a reconstituir a história dos primeiros habitantes do Brasil. Eles também deixaram suas marcas nas cavernas em que viviam, fazendo desenhos e pinturas. Além das pinturas foram encontrados também utensílios de pedra, ossos e restos de fogueiras.

Breve comentário a respeito das pesquisas na Serra da Capivara em São Raimundo Nonato – Piauí.

O Parque nacional da Serra da Capivara foi criado em 1975 e tombado em 1991 pela Unesco, dos 400 sítios arqueológicos do parque, pelo menos dez já foram encontrados vestígios de presença humana que podem alcançar mais de 40.000 anos.

Mas os vestígios mais antigos da presença humana na América foram encontrados em 1969 em São Raimundo Nonato, precisamente na toca do Boqueirão da Pedra Furada. São restos de fogueiras e instrumentos de pedra lascada, vários esqueletos humanos, uma enorme quantidade de ossos de animais hoje extintos como tigres de dentes de sabre, mastodontes, etc. e pinturas rupestres.

A partir dessas descobertas, várias expedições foram feitas à área coordenada pela arqueóloga Neide Guidom. Em 300 sítios arqueológicos já conseguiram identificar um total de cerca de 9000 figuras em 200 abrigos.

As pinturas encontradas nas conversas de São Raimundo Nonato provocaram muitas discurções entre os arqueólogos, mas as pesquisas continuam e novos achados, novas pistas contribuirão para nos aproximar mais da verdade sobre o início da ocupação das Américas pelos seres humanos.

O Piauí abriga diversos sítios arqueológicos importantes, dentre os quais se destaca o Parque Nacional da Serra da Capivara, onde estão os achados arqueológicos do homem mais antigo das Américas. Foram localizadas na região urnas funerárias, fósseis humanos, de mastodontes, lhamas, tigres dentes-de-sabre e preguiças-tatus gigantes. Suas pinturas rupestres, que representam rituais sexuais e de caça dos animais de então, foram declaradas patrimônio da humanidade pela Unesco. Além da importância histórica e cultural, a Serra da Capivara, localizada a 534 km de Teresina, no sudeste do Piauí, possui paisagens belíssimas.

O mapa acima mostra a localização da Está foto é da Toca do Boqueirão da Pedra Furada, em São Serra da Capivara que está localizado Raimundo Nonato- PI, econtram-se neste local vestígios no Estado do Piauí humanos que podem chegar a 48.500 anos.

Conclusão
período paleolítico ou da Pedra Lascada foi o primeiro período da pré-história e se caracterizou pelos instrumentos de pedra lascada que usavam nesse período. Vestígios desse período foram encontrados em quase toda a parte do mundo, inclusive no Brasil.

Acredito que neste período a comunicação era feita através de gestos e de pinturas nas paredes das cavernas, as chamadas pinturas rupestres, nessas pinturas eles nos transmitiam muitas informações como por exemplo que eles viviam da caça e andavam sempre em grupo e também eram nômades.

Foi neste período também que o homem descobriu o fogo e aprendeu a lidar com ele. Isso demonstra que o ser humano é o único ser capaz de refletir e esse capacidade nos permite planejar tudo o que queremos, até mesmo ir em busca do desconhecido.

Nós seres humanos temos a capacidade de descobrir coisas muito interessantes e isto só ocorre graças aos nossos antepassados. Porque aprendemos com eles o futuramente iremos passar para os nossos filhos e assim a história continua.

A importância de estudar esse período da pré-história e descobrir que em nosso país também existiu esse período é muito importante. Antes só sabíamos a história do Brasil a partir da chagada de Pedro Alves Cabral em 22 de abril de 1500 e realizando esse trabalho, percebi que nunca havia passado pela minha cabeça a pergunta e os índios que estavam aqui, de onde surgiram?

Depois deste trabalho pude perceber que os nossos antepassados também foram pré-históricos.

Porem essa descoberta é ainda muito recente, pois só foram descobertas vestígios pré-históricos em nosso país em 1969, mas neste curto período já através de estudos conseguiram saber que eles estiveram aqui.

Todas as descobertas são muito importantes para os arqueólogos, pois eles estudam e reconstituem a Pré-História. E a Pré-história no Brasil, aconteceu? Como podemos pesquisar?

Referência: http://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/pre-historia-brasileira

ABAIXO: pinturas rupestres encontradas na Serra da Capivara-PI. Essas imagens são os vestígios mais antigos que comprovam a presença humana na América. As imagens possuem mais de 10.000 anos de existência.



WIKIPÉDIA - PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL

A Pré-História do Brasil se refere a uma etapa da História do Brasil que se inicia com o primeiro povoamento do território atualmente compreendido pelas fronteiras do Estado Nacional brasileiro (iniciado, acredita - se hoje, há 60.000 anos),[1] e termina no ano de 1500, canonicamente estabelecido como o “descobrimento do Brasil”. Existem diversos problemas relativos a essa periodização convencional e aos nomes com os quais ela opera. Em primeiro lugar, Pré-História é um termo combatido hoje em dia pelos acadêmicos, pois parte de uma noção eurocêntrica de mundo, na qual os povos sem escrita seriam povos sem história (o prefixo “pré” traduz a ideia de anterioridade, ou seja, a Pré-História seria o período “Anterior à História”). No Brasil, essa situação é ainda mais grave, uma vez que a História é normalmente vinculada à chegada do colonizador europeu, desta forma ignorando que os indígenas tivessem uma história própria. Por essa razão, costuma-se hoje denominar esse período da história brasileira como Pré-Cabralino. A ideia de descobrimento parte igualmente de resultado de perspectivas etnocêntricas, pois ignora que o território onde se instalaram os portugueses a partir do século XVI já havia sido descoberto e colonizado por numerosas e diversas etnias. Além disso, nem os americanos nem os portugueses de 1500 concebiam o “Brasil” da forma como o concebemos hoje, razão pela qual a nomenclatura antiga deveria ser evitada.

A Pré-história tradicional geralmente se divide em: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico Mas, atualmente, a empregabilidade dessa periodização tem sido revista no mundo todo. No Brasil, alguns autores preferem trabalhar com as categorias geológicas de Pleistoceno e Holoceno. Nesse sentido, a periodização mais aceita se divide em: Pleistoceno(Caçadores e Coletores com pelo menos 12 mil anos) e Holoceno, sendo que este último pode ser denominado por Arcaico Antigo (12 mil a 9 mil anos atrás), Arcaico Médio (9 mil a 4500 anos atrás) e Arcaico Recente (a partir de 4 mil anos atrás), normalmente relacionado à agricultura e ao desenvolvimento da cerâmica.

O Estudo da Era Pré-Cabralina

O Estudo da história Brasileira antes de 1500 é feito, sobretudo, por meio da arqueologia, uma vez que os povos que ocuparam o território onde hoje se encontra o Estado Nacional brasileiro não possuíam, até onde sabemos, escrita. Estudos lingüísticos, etnológicos e históricos têm auxiliado as pesquisas arqueológicas na medida do possível. No entanto, poucos foram os autores que tentaram reconstruir essa história de forma panorâmica (e as tentativas dos arqueólogos de estabelecer uma visão geral da história Pré-Cabralina não se provaram satisfatórios). Para complicar mais a situação, ainda falta muito a ser feito em todos os níveis imagináveis de pesquisa – registros de línguas e comparações, análise de materiais escavados, relações entre sítios diversos da antiguidade e outros do período colonial, etc.

O primeiro estudioso a se indagar sobre o passado brasileiro foi o dinamarquês Peter Wilhelm Lund. Este naturalista foi responsável pelo estudo de várias reminiscências de plantas antigas nas grutas da região de Lagoa Santa (Minas Gerais), onde se fixou, entre 1834 e 1880. Em suas buscas, chegou a encontrar ossos humanos misturados a esses vestígios pré-históricos, um dos primeiros achados que contradizia a teoria da criação bíblica. Foi o primeiro a defender a antiguidade do homem americano, baseado em achados arqueológicos, embora poucos tivessem sido convencidos por suas ideias à época.

Outro achado dentro do território nacional que gerou controvérsias entre os primeiros pesquisadores foram os sítios arqueológicos dos sambaquis, montes de conchas e outros resíduos acumulados por ação humana. Foi o diretor do Museu Nacional – que junto do Museu Paulista representaria o interesse oficial diante dos fatos histórico-arqueológicos no Brasil –, Landislau Neto, que enviou as primeiras missões de relevo para pesquisarem estas regiões, cujas análises apontavam a origem arqueológica dos “montes de conchas”. Hermann Von Ihering, contudo – o diretor do Museu Paulista – primeiramente se opôs a essa visão, dizendo que os restos de conchas teriam sido formados por fenômenos naturais e intertropicais.

Entre 1880 e 1900 ocorreram as primeiras escavações na Amazônia. Descobertas extasiantes de cerâmicas marajoaras foram realizadas nesse período, e foram analisadas em 1882 pelo egiptólogo Paul l´Epine, que acreditava identificar na cerâmica indígena grafias egípcias e asiáticas. Emílio Goeldi também realizou, nesta época, pesquisas importantes no norte.[2] O austríaco J.A. Padberg-Drenkpohl, contratado após a Primeira Guerra Mundial pelo Museu Nacional, foi outra figura importante da história da arqueologia brasileira, que escavou, entre 1926 e 1929, em Lagoa Santa. Seu objetivo era encontrar vestígios em Lagoa Santa que comprovassem os achados clássicos de Lund. Drenpohl, contudo, não foi bem sucedido em sua empresa, tendo passado a criticar os defensores da antiguidade do homem de Lagoa Santa. Em 1934, pouco depois da última expedição de Drenkpohl, Angione Costa publicou o primeiro manual de arqueologia brasileira.

Depois de 1950 a arqueologia oficial se contraiu, enquanto aumentou o número de amadores que passaram a realizar pesquisas no país. Um desses foi Guilherme Tiburtius, imigrante alemão em Curitiba, que teria realizado uma das buscas mais importantes de antiguidades indígenas pelo Brasil, coletando artefatos para sua coleção (recebida pelo Museu do Sambaqui de Joinville). Estudou o litoral catarinense e o planalto paranaense, tendo sido auxiliado pela Universidade Federal do Paraná em suas pesquisas. Harold V. Walter, cônsul inglês em Belo Horizonte, foi responsável por buscas no Estado de Minas Gerais, na região de Lagoa Santa. A despeito de ter empregado uma metodologia pouco válida para os dias atuais, contribuiu muito para a coleta de informações sobre a era pleistocênica. Ainda nessa época, foram realizados esforços substanciais no sentido de se preservar o patrimônio histórico brasileiro. Graças ao esforço de diversos intelectuais, o Instituto de Pré-História da USP [3] foi criado, enquanto, alguns anos mais tarde(1961), uma nova legislação sobre o patrimônio era promulgada. Acompanhando esse avanço na questão de preservação da memória brasileira, haviam sido realizadas escavações na foz do amazonas, por Clifford Evans e Betty J. Meggers entre 1949 e 1950, descobrindo importantes artefatos cerâmicos, e em São Paulo e no Paraná entre 1954 e 1956 por Joseph Emperaire e Annette Laming – onde foram feitas as primeiras datações carbono catorze.

A história recente da arqueologia no Brasil inclui a criação da PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas) [4] com o auxílio do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional),[5] que teria como objetivo realizar buscas para fornecer uma panorama mais completo do passado histórico-cultural brasileiro. Enquanto isso, instituições como o Museu Nacional, o Museu Paulista e o instituto de Pré-História realizaram pesquisas isoladas, enquanto o Museu Emílio Goeldi se lançou num projeto chamado PRONAPABA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica). Vários estudos foram realizados desde então sobre os sambaquis, a pintura rupestre brasileira e a indústria lítica antiga. Em 1980 foi criada a primeira Sociedade de Arqueologia Brasileira.[6] O ensino de arqueologia é hoje ministrado no Brasil, embora de forma limitada.

A Ocupação do Território e Pleistoceno (60 mil anos A.P. – 12 mil anos A.P.)

A ocupação do território americano é um tema que tem gerado controvérsias substanciais, sobretudo porque muitos arqueólogos ainda são reticentes em aceitar que o homem possa ter chegado à América por outras vias que não o estreito de Bering. Segundo a teoria tradicional, também conhecido como Teoria de Clóvis, o homem “pré-histórico” teria migrado da região atual da Mongólia para o Alasca atravessando a Ponte Terrestre de Bering. Não obstante, descobertas efetuadas em sítios arqueológicos brasileiros têm colocado em questão a validade desta teoria. No Piauí, por exemplo, foi encontrado um fóssil de Ancilostoma Duonedalis com a data de 7750 anos A.P. De acordo com alguns arqueólogos, essa espécie não poderia ter sobrevivido à travessia na Beríngia, pois teria morrido com o frio. Assim, acreditam que a existência do fóssil indica a migração de povos oriundos de regiões quentes do globo. Achados em Minas Gerais e na Bahia foram datados entre 25000 a 12000 anos A.P. No sítio arqueológico Alice Böer, em São Paulo, foram encontradas peças com idade de 14200 A.P.[7] Em São Raimundo Nonato, no Piauí, os arqueólogos defendem a idade de 50000 anos para um abrigo ocupado pelo homem “pré-histórico”. Ainda neste mesmo sítio, os arqueólogos conseguiram encontrar artefatos humanos que remontassem a mais de 48 mil anos A.P.[8]

As descobertas no Brasil polemizaram a visão tradicional da ocupação da América. Os arqueólogos passaram a defender outras teorias sobre as grandes migrações, entre elas, a de que o homem teria chegado à América entre cerca de 150 mil e 100 mil anos atrás, vindo por correntes Malásio-Polinésias (oriundas do sudeste asiático) ou australianas (oriundas do pacífico sul), enquanto outros autores ainda pensam numa corrente migratória originada na África. Contribuem para a definição dessas teorias as similaridades entre os vestígios materiais encontrados na América com aqueles encontrados na Oceania. De qualquer forma, pode-se admitir hoje de forma geral que o Brasil foi ocupado há 60 mil anos atrás, no que diz respeito ao Piauí. As correntes migratórias teriam atingido Minas Gerais há 30 mil anos e o Rio Grande do Sul, há 15 mil anos. Todo o país estava ocupado, certamente, há 12 mil anos.

Holoceno nas regiões nordeste, central, sul e litorâneas do Brasil (12 – 4 mil anos A.P.)

Fases e Tradições
Os arqueólogos denominam por fase um complexo cultural onde os elementos são intimamente associados. Por tradição, os arqueólogos entendem as práticas e técnicas padrão dos antigos para a confecção, por exemplo, da indústria lítica e da pintura rupestre. Uma subtradição é uma divisão dentro da tradição, normalmente porque houve uma diferenciação do padrão original em dois ou mais padrões novos.

Condições Ambientais do Holoceno
No final do período pleistocênico a temperatura variou amplamente em fases de expansão e contração das geleiras. Acredita-se que as temperaturas eram mais frias no pleistoceno do que no holoceno, quando sofreram um aumento considerável. No começo do período arcaico médio, o nível do mar se encontrava 10 metros abaixo do atual. Muitas regiões do país, como o Piauí, por exemplo, eram muito mais úmidas do que o são hoje.

Holoceno no Nordeste e Centro do Brasil

A idade paleolítica brasileira é normalmente colocada entre 12 mil e 4-2 mil anos, quando do surgimento e difusão da prática agricultora na região. Antes disso, os homens viviam de caça, pesca e coleta, fato comprovado por achados arqueológicos e representações em pinturas pré-cabralinas. Nesta época, os homens americanos se desenvolveram de formas diferentes em cada região. No nordeste, vários sítios arqueológicos indicam o desenvolvimento da pedra lascada (lesmas, lascas, furadores, etc.), de fogões para assar caça e da pintura rupestre.

Na região nordeste, as técnicas de trabalho com o material lítico se tornam cada vez mais diversificadas e complexas com o passar do tempo. O número de fogões aumenta com a aproximação da data de 8 mil anos A.P. Fogueiras também são encontradas.

As pinturas rupestres dessa região têm se revelado profundamente instigantes. Na Toca do baixão da Perna 1, por exemplo, (na área arqueológica de São Raimundo Nonato)foram encontradas pinturas rupestres que datam de 10500 anos atrás. No sítio do boqueirão da Pedra Furada, inúmeras pinturas rupestres em pigmento vermelho foram encontradas. Os autores identificam a tradição de pintura desta área como tradição nordeste.[9] Além da tradição nordeste, foram identificadas subtradições como a Várzea Grande (sudeste do Piauí) e a Seridó (Rio Grande do norte). As figuras mais abundantes representam figuras humanas, plantas e animais, mas também são encontrados grafismos puramente abstratos. De acordo com alguns arqueólogos, os temas de violência na pintura rupestre antiga estariam vinculados ao desenvolvimento técnico obtido nos anos subsequentes. A Outra tradição convive com a nordeste e a substitui com o seu encerramento cerca de 5 mil anos atrás.[10]

Na região central e nordeste, uma importante tradição cultural foi identificada pelos estudiosos: a tradição Itaparica (Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí). Essa tradição teria desenvolvido ferramentas líticas lascadas como lesmas, furadores e facas, mas poucas pontas de projéteis. Os povos dessas regiões teriam mudado sua forma de vida cerca de 6500 anos atrás, quando teriam passado a se alimentar de moluscos e frutos. No centro, uma tradição de pintura rupestre denominada “Planalto” teria se desenvolvido.

Holoceno no Sul do Brasil

As datas mais antigas no Sul são atribuídas à tradição Ibicuí (entre 13 mil e 8500 anos), composta de artefatos simples, encontrados na Bacia do Uruguai. A fase Uruguai, que sucede a primeira cronologicamente, data de 11 555 a 8640 anos A.P. e é composta por raspadores, facas bifaciais e pontas de projéteis. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram localizados artefatos (facas, raspadores, pontas de flecha foliáceas) de 8500 a 6500 anos atrás, estabelecidos como tradição Vinitu. A tradição Humaitá, mais recente (entre 6500 e 2000 anos atrás) se estende de São Paulo ao Rio Grande do Sul. Os homens dessa tradição produziram raspadores, furadores e, inclusive, zoólitos (estátuas de pedra assumindo formas animais). Outra tradição identificada no sul foi chamada de Umbu; esta teria sido responsável pela confeccção de fogões e pontas de projéteis.

Holoceno no Litoral

Os principais sítios arqueológicos do litoral são os sambaquis, montes de conchas de moluscos (com os quais se alimentavam as populações antigas) formados por ação humana. Normalmente são encontrados junto dos sambaquis esqueletos dos antigos americanos, peças líticas, restos de alimentos, etc. Grande parte dos sambaquis brasileiros se encontram cobertos pelo mar, devido às mudanças climáticas ocorridas durante o pleistoceno tardio e o holoceno. Os sambaquis existem em quase todo o litoral brasileiro. Na época de sua descoberta, no século XIX, foram comparados com estruturas semelhantes existentes na Escandinávia. Os sambaquis são associados à tradição Itaipu. Os povos que habitavam o litoral são normalmente definidos como pescadores semi-nômades.

Arcaico Recente do Sul à região Nordeste (4 mil anos A.P. até 1500 d.C.)

O aparecimento de plantas cultivadas em Minas Gerais data de 4 mil anos atrás. Em São Raimundo Nonato, a agricultura parece ter sido praticada desde a pelo menos 2090 anos. Embora a cerâmica amazônica seja mais antiga que a agricultura, o mesmo fenômeno não ocorre no resto do país, onde a cerâmica mais antiga data de 3 mil anos atrás (na área de São Raimundo Nonato). Arqueólogos brasileiros consideram que o surgimento da cerâmica nas regiões em questão está ligado ao sedentarismo e à agricultura, uma vez que a cerâmica é de difícil transporte e, normalmente, teve a função de armazenar víveres. A tradição Taquara-Itaré é talvez a mais estudada tradição de cerâmica do país.

Período Pré-Cerâmico na Amazônia (12 mil anos a.C. a 3000 a.C.)

As datações mais antigas da região amazônica atribuem aos primeiros habitantes da região datas como 12500 a.C. É provável que o território já houvesse sido colonizado anteriormente, mas apenas o avanço da pesquisa na Amazônia poderá confirmar essa hipótese. Os arqueólogos identificam um desenvolvimento da técnica de lascar pedras, começando pelo lascamento por percussão e seguindo para o lascamento por pressão. As mudanças nas técnicas de lascamento são associadas a diferentes modalidades de caça, uma voltada para os animais de grande porte, e outra para os animais de pequeno porte. Nada, contudo, é certo sobre o estilo de caça dos antigos povos amazônicos. Os estudiosos acreditam que esses povos se alimentavam de moluscos (observação baseada na descoberta de sítios como os sambaquis), pequenos animais e frutos. Os sambaquis continuam sendo os principais sítios arqueológicos desse período na Amazônia.

Período Cerâmico Incipiente (3000 a.C. a 1000 a.C.)

Durante essa época os povos amazônicos adotaram um estilo de vida similar ao estilo de vida adotado por muitas tribos do território atualmente. Assim, os indígenas teriam vivido em estado de relativa fixação, realizando a horticultura de raízes. Esses grupos desenvolveram a primeira cerâmica elaborada da América, com temas geométricos e zoomórficos, pinturas em tinta branca e vermelha. Os vasos assumiram formatos ovais e circulares. Os grupos de estilos cerâmicos mais conhecidos são chamados de Hachurado Zonado e Saldóide Barrancóide. O último é relacionado a incisões e pinturas em vermelho e branco, enquanto o primeiro à preferência pelo hachurado zonado. Cerâmicas do estilo Saldóide, encontradas no baixo e médio Orenoco, parecem terem sido criadas entre 2800 a 800 a.C. Os estilos Hachurados Zonados de Tutoshcainyo e Ananatuba datam, respectivamente, de cerca de 2000-800 a.C. e 1500-500 a.C. Muitos estudiosos admitiram que essa cerâmica tenha sido influenciado pelos complexos culturais andinos, embora hoje já se admita que os indígenas da Amazônia tenham desenvolvido essa cerâmica elaborada na própria região baixa, tendo provavelmente influenciado os Andes posteriormente.

Essas sociedades praticavam, além da horticultura, caça e pesca. O consumo de mariscos foi reduzido, e esses povos passaram a se instalar nas várzeas e margens dos rios. Assadeiras de cerâmica grossa foram identificadas nesses territórios, de forma que alguns arqueólogos aventam a hipótese da presença da mandioca. Sítios desses complexos culturais foram encontrados na bacia do Ucayali, na Ilha de Marajós, no Orenoco e no Amazonas.

“Pré-História” Tardia e Cacicados Complexos da Amazônia (1000 a.C. – 1500 d.C.)

Parece que o aumento demográfico das populações amazônicas na época da Pré-História tardia, combinado a outros fatores, suscitou grandes transformações entre as sociedades indígenas da Amazônia. Entre o ano 1000 a.C. e o ano 1000 d.C. as sociedades que habitavam regiões da bacia amazônica passaram a se organizar de forma cada vez mais elaborada. Os arqueólogos definem estas sociedades como “cacicados complexos”. Elas eram marcadamente hierarquizadas (provavelmente contendo nobres, plebeus e servos cativos), tinham um chefe poderosos na figura do cacique, e adotavam posturas belicosas e expansionistas. O cacique dominava amplos territórios, e tinha como objetivo aumentar seus domínios por meio da guerra. A cerâmica era altamente desenvolvida, havia urnas funerárias (associadas ao culto dos chefes mortos), comércio e os indícios arqueológicos apontam uma densidade demográfica de escala urbana nessas civilizações. Acredita-se que a monocultura era praticada, além da caça e da pesca intensivas, a produção intensiva de raízes e o armazenamento de alimentos.

Crônicas do início do período colonial são hoje empregadas na reconstrução das antigas civilizações brasileiras. Muitos cronistas estrangeiros descreveram elementos indígenas do período dos cacicados complexos. A dissolução dessas organizações sociais normalmente é relacionada à conquista, que teria abalado sua estrutura demográfica.

A cerâmica produzida por estas civilizações é classificada em dois grupos principais: o Horizonte Policrômico e o Horizonte Inciso Ponteado. Entre os sítios arqueológicos que apresentaram vestígios agrupados sob o Horizonte Policrômico estão: os Marajoaras (foz do Amazonas) e o Guarita (Médio Amazonas), entre outros localizados fora da Amazônia brasileira. Entre os sítios arqueológicos associados ao Horizonte Inciso Ponteado encontram-se: Santarém (Baixo Amazonas) e Itacoatiara (Médio Amazonas). O primeiro horizonte é caracterizado pelas pinturas brancas, pretas e vermelhas, pelos temas geométricos e pelas incisões. O segundo horizonte é caracterizado pelas incisões profundas e pela técnica de ponteação. Acredita-se que o Horizonte Inciso Ponteado estivesse associado aos antepassados dos povos de língua Karib, enquanto o Horizonte Policrômico teria sido produzido pelos antepassados dos povos de língua Tupi.

Os grandes sítios amazônicos da época dos cacicados complexos parecem ter tido regiões especializadas para o enterro, o culto, o trabalho e a guerra. A ocupação pré-histórica tardia do território era sedentarizada. A entrada do milho e de outras sementes na região, assim como sua popularização entre os americanos, data do primeiro milênio antes de Cristo

Kuhikugu (1500 A.P. - 400 A.P.)

Uma das civilizações amazônicas conhecidas por ter desenvolvido grandes cidades e vilas durante o período Pré-Colombiano foi a de Kuhikugu.[12] O sítio arqueológico de Kuhikugu, descoberto pelo arqueólogo Michael Heckenberger, se localiza dentro do Parque Nacional do Xingu (região do alto Xingu), e provou ter sido um grande complexo urbano que pode ter abrigado até 50000 habitantes. Construído provavelmente pelos antepassados dos atuais povos Kuikuro, o sítio abriga construções complexas como estradas, fortificações e trincheiras para proteção. Como a descoberta é recente, estudos sobre as formas de vida dessas populações ainda são necessários, embora os estudiosos acreditem que esse povo cultivava a mandioca.[13] O desaparecimento dessa civilização, assim como de outras grandes civilizações amazônicas, é relacionado à entrada de doenças europeias no continente, responsáveis por dizimar as populações locais, por volta do ano 1500 de nossa era. As características naturais da Floresta Amazônica (mata densa, etc.) explicariam porque os antigos europeus não travaram conhecimento com esta civilização brasileira.

Pedra Pintada

A professora de antropologia da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Anna Roosevelt (bisneta do presidente norte-americano Theodore Roosevelt) coordenou, em 1996, uma equipe que pesquisou a caverna de Pedra Pintada, em Monte Alegre, Pará, na margem esquerda do Rio Amazonas, a poucos quilômetros do que é hoje Santarém.

Os brasileiros pré-históricos daquela região sustentaram-se com uma economia estável e produziram uma cultura e tecnologias bastante superiores às de seus primos da América do Norte. Os paleoíndios moraram em cavernas confortáveis e protegidas, tinham uma dieta mais saudável e produziram cerâmicas, pinturas rupestres e pontas de flechas. Eles eram caçadores de pequenos animais e coletores de frutas. No auge de sua civilização, chegaram a abrigar cerca de 300 000 indivíduos.

Foram encontradas pontas de lança e cacos de cerâmica datados de 6.000 a 10.000 anos. Os resultados concluíram que os paleoíndios (os primeiros habitantes das Américas) viveram na região amazônica de 11,2 a 10.000 anos atrás. São provas convincentes de que a ocupação humana na América se deu há mais de 20.000 anos.

Ainda assim, as descobertas de Roosevelt ainda não refutaram totalmente a hipótese da chegada dos primeiros habitantes da América pelo Estreito de Bering. O movimento migratório teria ocorrido em levas sucessivas. As populações amazônicas, cujos sinais encontrou na caverna da Pedra Pintada, provavelmente migraram para o sul sem ter tido contato com os caçadores de mamutes americanos.

Pedra Furada

O sítio de Pedra Furada, localizado em São Raimundo Nonato, no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, foi encontrado na década de 60. Ele vem sendo estudado, desde os anos 70, por Niède Guidon, uma arqueóloga franco-brasileira. Os achados (pedras lascadas e vestígios de fogueiras) datam de aproximadamente 11.000 anos. Segundo a equipe, não é impossível que os achados possam ter até 48.000 anos. A tese de Guidon vai bem mais longe - cerca de 100 mil anos - e pressupõe que o homem não teria chegado à América vindo da Ásia por terra (via estreito de Bering como se acredita até hoje) e sim, pelo mar, já se utilizando de embarcações. Contudo, as descobertas de São Raimundo Nonato permanecem controversas e ainda não refutam totalmente a Teoria Clóvis.

O sítio também abriga o Museu do Homem Americano. Painéis iluminados e auto explicativos contam a história da presença do homem na América com desenhos, mapas e textos. O espaço também guarda urnas funerárias em argila e réplicas de dois esqueletos humanos encontrados em cavernas da região. Um deles, uma índia de cerca de 30 anos de idade foi encontrado praticamente completo e data de 9,7 mil anos.

Também na região foram encontrados desenhos na Toca do Boqueirão, também em Pedra Furada, que parecem representar uma cena de ataque dos terríveis felinos que já habitaram o continente. As concepções dos atuais índios que habitam a região nordeste do país, a exemplo dos cariris, apesar de bastante modificadas, ainda podem se constituir num elemento útil para decifrar tais representações com uma estratégia conjetural. Uma interpretação sobre os desenhos da figura humana desses povos revela uma surpreendente complexidade que pode muito bem corresponder a um mapa das sensações corporais e/ou uma concepção de corpo e espírito. Os encantados são descritos pelos cariris, em geral, como homens descomunais, ferozes e implacáveis, de feição rude e olhos esbugalhados, verdadeiramente assustadores, segundo o antropólogo Nascimento, que estudou em sua tese para Mestrado na Universidade Federal da Bahia os rituais e identificação étnica dos índios do nordeste a partir das concepções de um grupo remanescente - os cariris de Mirandela, (Bahia) em 1994.ela foi fundida em raimundo nonato.

Lagoa Santa

No Brasil, além dos restos do Piauí, existe também um antiguíssimo conjunto achado na região de Lagoa Santa (Minas Gerais), possivelmente os representantes do antigo grupo lingüístico do país - Macro Jê -, cujos descendentes mais próximos hoje seriam os índios cariris e botocudos.

A descoberta, em 1975, no mesmo local, de um fóssil humano de 11,5 mil anos, o mais antigo da América, apelidado de Luzia, colocou ainda mais dúvidas sobre a Teoria Clóvis, já que a pertence a uma mulher com nítidas características polinésias e negróides, indicando que deve ter havido alguma forma de povoamento vindo do Pacífico Sul ou da África. Luzia foi investigada pelo arqueólogo brasileiro Walter Alves Nevesno entorno do distrito federal em planaltina de goiás.

O Período Pré-Cabralino Recente

Enquanto a maior parte da pesquisa sobre o Brasil mais antigo analisava principalmente os vestígios materiais deixados por esses povos, o Brasil pré-cabralino recente é mais estudado através das línguas nativas. Com efeito, o estudo sobre as línguas nativas permite compreender inúmeros aspectos das culturas pré-cabralinas, além de seus parentescos históricos e de suas migrações. Quando os cronistas europeus descreveram os antigos povos brasileiros, utilisaram sobretudo denominações linguísticas e, graças ao trabalho missionário de alguns jesuítas, temos hoje conhecimento das antigas línguas brasilicas (que deram origem às línguas indígenas modernas).

Resta-nos, contudo, a tarefa de associar os achados antigos aos povos recentes, que conhecemos principalmente a partir de grupos linguísticos. Um estudo desse tipo não foi realizado no Brasil ainda. Apenas um grupo pré-cabralino recente foi associado suficientemente aos achados antigos: os grupos da família linguística Tupi-Guarani. Estes, na época da chegada dos europeus, dominavam o atual litoral brasileiro, conhecido por "Pindorama". Outra fonte importante para a reconstrução da história recente dos povos pré-cabralinos é a mitologia indígena. Sabe-se hoje ser possível estabelecer relações entre os elementos dos mitos e acontecimentos que consideramos "históricos". As fontes mitológicas tem sido empregadas para estudar movimentos migratórios,as relações estabelecidas entre os povos brasileiros e, por exemplo, o Império Inca, etc.

Quando os europeus passaram a ocupar a costa oriental da América do Sul, encontraram etnias vinculadas a quatro principais grupos linguísticos: os arauaque, os tupi-guaranis,os jê e os karib.[15] Devemos tomar cuidado para não confundir grupo linguístico com grupos étnicos. Dentro de um mesmo grupo linguístico haviam numerosas e diferentes unidades identitárias possuindo dialetos, práticas culturais e filosofias próprias. Nosso conhecimento dos povos indígenas por meio das crônicas europeias é limitado por diversas razões. A primeira delas, é que a imagem europeia sobre os povos pré-cabralinos foi marcada por um processo de enquadramento da América em categorias europeias, de forma que as crônicas nos fornecem informações mais valiosas para o estudo dos próprios europeus modernos do que para o estudo dos nativos. A segunda delas, é que as crônicas foram escritas numa época de transformação, uma vez que a entrada dos europeus trouxe doenças e influências novas para o mundo indígena, modificando consideravelmente a antiga realidade em que viviam. Por fim, as crônicas acompanham o avanço da "fronteira" europeia na América, de forma que grande parte dos povos indígenas só chegaram a ser conhecidos pelos ocidentais no século XIX, após terem modificado muitos de seus costumes; é interessante notar que muitas tribos indígenas no Brasil continuam isoladas do mundo ocidental até hoje.

Macro-Tupi

Um dos grandes grupos linguísticos do Brasil, e que parece ter se expandido imensamente sobre o território brasileiro antes de 1500 é o grupo Macro-Tupi. A principal família linguística dentro desse grupo maior é a Tupi-Guarani. Esses povos devem ter primeiramente habitado a região das cabeceiras dos rios Madeira,Tapajós e Xingu. A expansão Tupi-Guarani aconteceu há 3 mil e 2 mil anos, pouco depois desse grupo ter se diferenciado de outros na região entre o Xingu e o Madeira, formando novos subgrupos linguísticos, como os Kokama, Omágua, Guaiaki e Xirinó. Os povos de língua Kokama e Omágua dirigiram-se ao rio amazonas, enquanto os Guaiaki chegaram ao Paraguai e os Xirinó à Bolívia. Tapirapés e Teneteharas se deslocaram em diração ao nordeste. Os povos de língua Pauserna, Kajabi e Kamayurá se deslocaram até a região extremo sul do Brasil. Os povos de língua Oyampi chegaram até a região das Guianas. A última fase de dispersão dos povos Tupi-Guarani ocorreu por volta do ano 1000. Os falantes de línguas associadas ao "Tupi-Guarani" estariam já instalados no sul do Brasil (Guaranis,etc.), na bacia amazônica e também no litoral do pais (potiguaras, tupinambás, tupiniquins). Os dados linguísticos nos permitem avaliar essas sociedades como expansivas e em constante movimento. Graças a uma impressionante rede de caminhos fluviais, os povos desse grupo linguístico puderam se difundir e, ao mesmo tempo, manter contato uns com os outros. O uso de canoas (ygara em tupi antigo) para navegar rios permitia o enviamento de missões militares e diplomáticas de uma região para outra.

Muitos artefatos arqueológicos do período cerâmico são filiados a esses antigos povos de matriz linguística Tupi-Guarani. Os sítios arqueológicos associados a essas populações constituíam-se em aldeias extensas, normalmente localizadas em regiões de planalto ou em terraços. Nesses sítios arqueológicos, de largura média entre 2000 e 10000 m², a cerâmica antiga é abundante. As unidades habitacionais são cabanas, que podiam alcançar até 60 m² de diâmetro. Dentro dessas cabanas foram localizadas fogueiras e fornos para cozimento. As áreas dos sítios são definidas em espaço cerimonial, público e residencial. O espaço dos vivos é separado daquele dos mortos (muitos cemitérios antigos foram localizados). A arqueologia identificou sepultamentos em urnas e outros em terra. Artefatos líticos são encontrados junto dos sepultamentos, provavelmente objetos de uso pessoal. A cerâmica Tupi-Guarani (particularmente abundante no Paraná) é caracterizada pelos desenhos policrômicos de traços lineares.

A cronologia para a História dos povos Tupi-Guarani se baseia em teorias arqueológicas, na glotocronologia e na datação de cerâmicas identificadas aos tupi-guaranis. Como vimos pela história dos Tupi-Guarani a partir de suas línguas, o movimento de expansão ocorreu entre 3 mil 2 mil anos atrás a partir da região amazônica; a maior parte dos artefatos arqueológicos desses povos são datados entre o ano 500 e o ano 1500. A extensão para o litoral é constatada pela maior concentração de artefatos nessa região entre os séculos XI e XIII.

Macro-Jê

As línguas associadas à matriz linguística Macro-Jê devem ter sofrido diferenciação por volta de 6 mil anos atrás. Sua expansão inicia-se há 3 mil anos, pela região centro-oeste do Brasil. O grupo Jê propriamente dito é possivelmente originário das regiões das nascentes dos rios São Francisco e Araguaia. Grande parte dos povos de língua Jê se afastaram dos Kaingang e Xokleng, seguindo para o sul da região central brasileira. Alguns grupos devem ter se separado destes últimos e seguido até a região amazônica há pelo menos mil anos atrás. Os povos Jês preferiam se instalar em regiões de Planalto (como a original região do Planalto brasileiro), como nos permite constatar o estudo de suas línguas Entre as línguas do tronco Macro-Jê encontram-se: Kayapós, Xerentes, Timbiras, etc.

Karib

Os povos de língua Karib também passaram por um processo de expansão há 3 mil anos, aproximadamente. Essa família linguística é talvez originária da atual região das guianas e do extremo norte do Brasil. Os Yukpa e os Karijona, remificações dessa família linguística, teriam se diferenciado e migrado para a Colômbia, enquanto os Bakairi teriam seguido para o centro do Brasil. O emprestimo de termos Tupi nas línguas Karib (e vice-versa) aponta para a existência de redes complexas de comércio e tráfico de pessoas entre tais povos.

Arawak e outros

As línguas de matriz Arawak concentram-se hoje na região sudoeste da bacia amazônica. A principal família linguística associada a esse grupo é a Maipure, dividida em quatro subgrupos regionais. Existe grande polêmica em relação ás origens, às migrações e aos descendentes desses povos, além de suas relações com outros grupos linguísticos do Brasil Antigo. Outros grupos linguísticos menores, sem parentescos com os outros maiores, existem no Brasil: Mura, Chapkura, Pano, Yanomani, etc.

Pindorama

Na véspera da chegada dos europeus à América em 1500, calcula-se que o atual território do Brasil (a costa oriental da América do Sul) fosse habitado por dois milhões de indígenas, do norte ao sul.

Segundo Luís da Câmara Cascudo[15], os tupis foram "a primeira raça indígena que teve contacto com o colonizador".[16] A influência tupi se deu na alimentação, no idioma, nos processos agrícolas, de caça e pesca, nas superstições, costumes, folclore, etc. Os povos do grupo Tupi-Guarani habitavam a região chamada por eles de "Pindorama" (terra das palmeiras), atual região oriental da América do Sul, que habitava o imaginário Tupi-Guarani como terra mítica, uma terra livre dos males. Os arqueólogos acreditam que o mito acerca de "Pindorama" tenha se formado na época das antigas migrações, quando os Tupi-Guaranis se dirigiram para o litoral brasileiro.[17] Sabemos os nomes de alguns dos principais grupos que habitavam Pindorama na véspera da chegada europeia (entre eles alguns de origens não-tupi): os potiguaras, os tremembés, os tabajaras, os caetés, os tupiniquins, os tupinambás, os aimorés, os goitacás, os tamoios, os carijós e os temiminós. Os potiguaras habitavam a região entre o Rio Acaraú e o Rio Paraíba e controlavam a navegação fluvial. Durante a conquista, aliaram-se aos franceses, sendo que alguns relatos falam de casamentos entre potiguaras e franceses, envolvendo acordos bélicos anti-portugueses. Os Tabajaras habitavam a margem meridional do rio Paraíba, na região atual do litoral pernambucano. Foram importantes aliados dos portugueses durante a conquista. Os Caetés habitavam a região de Pernambuco desde Olinda, "a Marim dos Caetés", até onde encontra-se hoje o estado de Alagoas, desmembrado de Pernambuco. Tornaram-se célebres na História do Brasil por terem devorado o Bispo Sardinha. Os Tremembés habitavam a margem ocidental do rio Acaraú. Os tamoios habitavam a Baía da Guanabara; seus líderes, Cunhambebe e Aimberê, aliaram-se com os franceses no combate aos portugueses. Os carijós habitavam o litoral sul do país. Os tupiniquins habitavam a atual região do Estado de São Paulo, e os Tupinambá a região sudeste do Brasil. Nosso conhecimento do tupi antigo é principalmente baseado na língua dos Tupinambás (embora esses não constituíssem os "principais tupis", como alguns autores apontam).

Os povos tupis viviam em aldeias que reuniam de 600 a 700 habitantes. Algumas aldeias eram fortificadas em razão das guerras inter-tribais. Nenhuma autoridade aparecia com força absoluta ou consideravelmente forte sobre os outros integrantes da sociedade, embora houvesse "hierarquias" em função do gênero, do mérito guerreiro e dos poderes xamânicos. Os Pajés (Payes em tupi antigo, intermediários entre o mundo religioso e o mundo dos homens) e os Caciques (morubixaba em tupi antigo, chefes guerreiros) ocupavam, em geral, o papel de autoridades das tribos.[18] A subsistência baseava-se na caça e na horticultura. Os homens acreditavam nos bons e nos maus espíritos (tupã, anhang, etc.), que influenciavam os acontecimentos no cosmos. Cada homem trazia um maracá, no qual acreditavam habitar um espírito protetor de cada indivíduo. Acredita-se que apenas os filhos dos homens mais importantes da tribo fossem enterrados nas urnas funerárias. Os acontecimentos religiosos tinham alcance amplo, e reuniam diferentes etnias. Os antigos indígenas foram responsáveis por inúmeras manifestações artísticas, como peças de cerâmica, danças, canções/poesia (registradas por Léry) e, a que mais impressionou os ocidentais, a plumária extremamente sofisticada e rica.[19] A Literatura Tupi aparece com a chegada da escrita europeia, quando missionários passam a escrever em tupi para converter os nativos, e as crônicas transcrevem canções indígenas

Toponímias

A permanência de nomes tupis (tupi antigo, nhe'enga tupi ou língua geral) para nomear diversas regiões do Brasil atual é um indicador da influência da língua indígena na cultura brasileira. Os historiadores de Brasil Colonial concordam que até o século XVIII o tupi era provavelmente a língua mais falada em algumas regiões da América Portuguesa. Nomes de regiões, rios e cidades brasileiras tem suas raízes no período de Pindorama, e no período colonial. Alguns exemplos:

Guaratinquetá = gûyrá-tinga-etá = Muitas Garças
Jacareí = îakaré 'y = Rio dos Jacarés
Piraguá = Pira Kûá = Baía dos Peixes
Araraquara = Arara Kûara = Toca das Araras

O Brasil Pré-Cabralino e a Europa

Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi precedida por vários tratados entre Portugal e Espanha, estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do mundo ainda por descobrir. Destes acordos assinados à distância da terra atribuída, o Tratado de Tordesilhas (1494) é o mais importante, por definir as porções do globo que caberiam a Portugal no período em que o Brasil foi colônia portuguesa.[21] Estabeleciam suas cláusulas que as terras a leste de um meridiano imaginário que passaria a 370 léguas marítimas a oeste das ilhas de Cabo Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a oeste seriam posse dos reis de Castela (atualmente Espanha). No atual território do Brasil, a linha atravessava de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à atual Laguna, em Santa Catarina. Quando soube do tratado, o rei de França Francisco I teria indagado qual era "a cláusula do testamento de Eva" que dividia

WIKIPÉDIA: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_pr%C3%A9-cabralina_do_Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário